-
Serviços e Informações
-
Ambiente e Sustentabilidade
-
Espaços Verdes
- Jardim do Castelo
Jardim do Castelo
O castelo de Bragança, elemento fortificado cujas origens remontam ao sec. XII ou XIII, sofreu ao longo do tempo sucessivas alterações no seu interior e envolvente. Na margem esquerda do rio Fervença, é um dos mais importantes e bem preservados castelos portugueses. Do alto de seus muros avistam-se as serras de Montesinho e de Sanábria (a Norte), a de Rebordões (a Nordeste) e a de Nogueira (a Oeste).
As suas funções defensivas remetem para uma lógica de defesa face a investidas provenientes do exterior, em especial dos vizinhos castelhanos, razão que motivou a construção de muralhas, a primeira das quais remontará a 1377. Como era frequente nas cidades medievais, Bragança assumia a configuração de uma fortaleza, devidamente protegida com muralhas e contendo, no seu interior, a cidadela compacta, local de residência de uma parte significativa da população e que, em momentos de conflito, acolhia também os residentes na envolvente, que aí procuravam refúgio.
Trincheiras, muralhas e outro tipo de elementos defensivos foram sendo construídos ao longo do tempo. Contudo, fatores de diversa ordem e conflitos, conduziram à sua degradação e progressiva reconstrução dos vários elementos. Particular destaque merecem as intervenções que o castelo sofreu a partir da década de 1930 e que, segundo o Instituto Português do Património Arquitetónico, levaram à reinvenção e re-monumentalização do conjunto.
A necessária proteção da envolvente do castelo deu lugar a espaços verdes de elevada qualidade, cuja presença dignifica e acrescenta valor ao conjunto monumental do castelo da cidade de Bragança. A cidadela, densamente habitada, inclui igualmente alguns espaços verdes interessantes distribuídos por diversas parcelas, a maior das quais corresponde ao espaço da antiga praça de armas do quartel de infantaria.
No seu conjunto, estas áreas, pelas suas notáveis características, são particularmente apelativas para os turistas. De facto é comum a presença de inúmeros visitantes provenientes das mais diversas origens, que acrescenta uma interessante dinamização humana ao espaço do castelo.
A caracterização dos espaços verdes do castelo e da sua envolvente apresenta-se, por facilidade de leitura e interpretação subdividida em três grupos estabelecidos de acordo com a sua localização e atributos:
- o jardim do Duque D. Fernando de Bragança, junto à entrada oeste;
- as áreas que contornam as muralhas do castelo;
- os jardins da cidadela.
O jardim do Duque D. Fernando de Bragança
Este espaço verde toma o nome do 2.° Duque de Bragança, D. Fernando, personagem associada à história de Bragança, sob cuja regência o burgo recebeu o foral de cidade. A merecida homenagem é prestada na estátua presente no local.
Este espaço encontra-se dividido em duas zonas que ladeiam a estrada de acesso ao interior, pela porta oeste. Confina com a rua de Santo Condestável, a Rua Trindade Coelho e a Rua de S. Francisco. Do lado orientado a sudoeste, termina num miradouro sobre o Rio Fervença, área na qual também está implantada a estátua de D. Fernando, Duque de Bragança.
Distinguem-se, pelas características e organização da vegetação, um patamar elevado cujo acesso se faz por escada a partir da Rua de Santo Condestável, por rampa a partir da Rua de S. Francisco e diretamente a partir da Rua Trindade Coelho, bem como um logradouro do outro lado, na zona do mirante. Do lado do Miradouro há sobretudo espécies arbóreas e pequenos talhões relvados com arbustos. Do lado da Rua de Santo Condestável, o espaço está estruturado em vários canteiros geométricos onde se dispõem tanto espécies arbóreas, como arbustivas e herbáceas. Os caminhos encontram-se calcetados com pedra rústica da região ou em terra batida. Vários bancos em pedra e outro mobiliário de jardim equipam o espaço.
A partir do patamar superior acede-se à mata envolvente do castelo, e permite contornar o edificado pelo lado norte, e junto ao miradouro, parte o caminho pedonal que circunda o castelo pelo lado sul. Ambos possibilitam um circuito pedestre que chega até à porta leste do castelo. Os dois percursos dão ainda oportunidade para divergir em direção à zona do parque de Merendas, situado por baixo da porta leste, ou para aceder ao Corredor Ribeirinho do Fervença, descendo por vários caminhos possíveis até à Ponte do Jorge, que por sua vez constitui ligação tanto para o centro da Cidade, Praça Camões e Jardim António José de Almeida, como para o Parque POLIS e o Corredor Verde do Fervença.
A vegetação dominante corresponde a séries de árvores alinhadas e a árvores podadas em formas arbustivas arredondadas e piramidais. Diversas espécies arbustivas e herbáceas encontram-se plantadas em canteiros de formas geométricas, regulares, por vezes com traçado simétrico, limitados por buxo em poda curta, formando bordaduras e rodeados de relva. Tílias frondosas dominam o espaço e por isso as Tiliáceas são a família botânica de maior importância no jardim. As árvores antigas e de grande porte constituem refúgio de aves e proporcionam boa sombra no Verão, para além do intenso perfume libertado durante a época de floração. Destacam-se também o castanheiro-da-Índia, família das Hipocastanáceas, alguns carvalhos, plátanos e nogueiras. Contudo, o estado sanitário e a má conformação de alguns dos exemplares são reflexo, da idade das árvores, de critérios de implementação desajustados ao espaço e de sucessivas práticas de manutenção menos favoráveis ao seu desenvolvimento harmonioso.
A vegetação com forma arbustiva corresponde a várias espécies arbóreas de folhagem vistosa e persistente, principalmente da família das Cupressáceas, mas também das Rosáceas e Oleáceas. Trata-se de espécies interessantes do ponto de vista ornamental que se encontram podadas em formas geométricas, pelo que apresentam formas arbustivas que não superam 1,5m de altura. Tuias, cedro--do-Oregon, zimbros, cerejeiras, sempre-noiva, roseiras (floribundas e poliantas) e ligustros, entre outros.
No interior dos canteiros, além de espécies arbustivas e arbóreas, são sazonalmente plantadas várias herbáceas com folhagem e floração vistosa e colorida ou, com interesse aromático (begónias, margaridas, sálvias, petúnias, gladíolos, por exemplo). Notável o ambiente cromático do jardim no Outono, proporcionado pela tonalidade dourada da folhagem das tílias, amarela e avermelhada das restantes espécies de folhosas, fortemente contrastante com as espécies de folha persistente e sempre verdes.
A envolvente das muralhas do castelo
Espaço verde que se desenvolve em torno das muralhas do castelo, limitado pela Rua de Santo Condestável, Rua de São Francisco, Rua da Rainha e pelo Caminho do Jorge. Forma um circuito com vários caminhos pedonais e acessos a partir de diversos pontos. Conhecido pela Mata do castelo, o espaço está organizado em patamares onde se destacam árvores muito antigas e de porte imponente (tílias e cedros, por exemplo), combinadas com espécimes jovens instalados no âmbito do programa POLIS, numa intervenção recente. Os percursos deste espaço permitem usufruir da calma e bem-estar proporcionados pela vegetação, pela presença de muitas aves e pela contemplação da impressionante paisagem que se avista a partir de vários pontos da envolvente e que abrem panoramas sobre a cidade antiga e moderna e sobre o vale do Fervença. Por outro lado, esta mata é uma nota dominante na paisagem urbana, tanto porque se vislumbra de quase todos os pontos da cidade, como pelo efeito policromático da folhagem caduca e dourada das tílias que contrasta com a dos cedros, sempre verde.
A vegetação essencialmente do tipo arbórea é densa e muito variada em termos de forma e porte, porque neste espaço verde coincidem espécies muito antigas (tílias, cedros, nogueiras e freixos) com espécies plantadas recentemente (bétulas, espinheiros e aceres) as quais, por isso, se encontram ainda pouco desenvolvidas.
Acompanham esta flora outras espécies arbóreas e arbustivas, bem como uma flora herbácea espontânea ou fugida de cultura (lírios e vinca, por exemplo), que contribuem com uma nota de cor durante a Primavera e para a frescura do ambiente durante o Verão.
A entrada junto à Rua de Santo Contestável encontra-se relvada e arborizada com linhas de bétulas em patamares. Já nas áreas de maior declive encontram-se plantados maciços de cerejeiras, aceres-de-montpellier, e espinheiros, sobressaindo também algumas piracantas em forma livre. As vertentes viradas a Norte correspondem às zonas mais antigas, enquanto que as viradas a Sul sofreram intervenção recente e por isso a vegetação não é tão abundante e densa. Nestas vertentes existe um coberto herbáceo seminatural que é habitualmente aparado e espécies arbóreas formando grupos, das quais se destacam os negrilhos junto à entrada este do castelo, os cedros e espécies afins espalhados ao longo da muralha e os abetos, já bem perto do acesso ao jardim de D. Fernando na entrada oeste do castelo.
Os jardins da cidadela
No interior do castelo, na cidadela, podem observar-se várias áreas arborizadas e ajardinadas, para além dos logradouros, quintais e varandas onde a população cultiva espécies ornamentais, aromáticas e condimentares. A estrutura verde mais formal deste espaço pode considerar-se dividida em três zonas distintas: a zona das muralhas junto ao largo principal, o pequeno bosque no local onde está o Pelourinho e o jardim por baixo do Miradouro, junto ao largo da igreja.
Estão aqui presentes vários polos de atracão histórica e cultural, para além do castelo e do Museu Militar a funcionar no seu interior, que são intensamente visitados. Destacam-se a Igreja de Santa Maria, a Domus Municipalis, o Pelourinho, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje e o miradouro para a margem esquerda do Fervença.
A vegetação arbórea está constituída por árvores de grande porte, tílias (sobretudo Tilia tomentosa), lodão-bastardo (Celtis australis), aceres (Acer pseudoplatanus), ulmeiros (Ulmus minor), amoreiras (Morus spp.), ciprestes (Cupressus sempervirens), como as que se encontram junto à muralha, porta este do castelo e no largo principal, as que estão em frente à entrada principal da Igreja de Santa Maria e as que formam um pequeno bosque no átrio onde está implantado o Pelourinho. Mesmo por trás da Domus, ainda é visível o local onde outrora esteve um frondoso negrilho (Ulmus minor) e que foi dizimado pela grafiose. Dispersos nestas zonas, existem também outras espécies arbóreas ainda de pequeno porte, como o azevinho (Ilex aquifolium), a árvore do paraíso (Elaeagnus angustifolia) e o espinheiro-da-virgínia (Gleditsia triacanthos).
Junto ao Miradouro numa pequena faixa ajardinada destacam-se várias oliveiras pela folhagem verde acinzentada e os folhados pela intensa floração branca. Ainda neste espaço são cultivadas várias roseiras e espécies herbáceas como os lírios de várias cores (Iris germanica e I. xhiphium), séssias (Callistephus chinensis) e hortênsias (Hydran-gea macrophylla). Alguns muros e telhados estão cobertos de heras de folhas verdes e variegadas (Hedera helix e H. colchica, respectivamente).
Em várias zonas da cidadela e também nos logradouros e quintais estão cultivadas ou crescem de forma espontânea fruteiras (figueiras, ameixeiras, cerejeiras, por exemplo) e arbustivas ornamentais (roseiras, lilaseiros, noveleiros), para além de variadíssimas espécies herbáceas, perenes ou sazonais, alimentares e ornamentais, como as couves-galegas e outras hortícolas, as hortênsias, as sardinheiras, os gerânios, as petúnias, as roseiras, entre outras. É frequente encontrarmos semeados em recipientes de diversa forma e tipo (vasos de barro ou, plástico, latões, entre outros) principalmente salsa, hortelã, arruda e alfazema, mas também outras espécies aromáticas e condimentares ou plantas ornamentais.
Os jardins do castelo de Bragança assumem características únicas no contexto dos espaços verdes locais. A relação que se estabelece entre a vegetação e o edificado é aqui singular, sendo fácil descansar num dos muitos bancos existentes e, simultaneamente, desfrutar da beleza da paisagem e do edificado.
No interior do castelo é possível encontrar diversos elementos de apoio aos utilizadores, como sejam bares e restaurantes, esplanadas, instalações sanitárias, entre outras.