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Parque Urbano do Fervença
Situado numa extensão que vai desde a cidadela até ao espaço que terá sido alcançado pela expansão urbana no século XVI ou XVII, o corredor verde do Fervença constitui um elemento de referência na vivência da cidade, marcado pela presença do rio e pela perspetiva que se abre sobre o Monte São Bartolomeu, sendo desde há muito reclamado o seu usufruto pela população.
Este espaço está historicamente associado aos usos e costumes praticados em torno do rio Fervença, num espaço caracterizado pela transição entre a margem esquerda, onde se desenvolveu maioritariamente a cidade, e a margem direita, marcada pelas encostas do Monte de São Bartolomeu.
O Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades - POLIS - constituiu uma oportunidade de transformação do espaço, consubstanciado em torno de dois projetos:
- Fase 1 - projeto desenvolvido pelo Gabinete Vasco da Cunha, com a Coordenação da Arq.ª A
- Isabel Vaz Serra, iniciado em 2000 e concluído em Setembro de 2002;
- Fase 2 - projeto Desenvolvido pelo Gabinete SA -Sociedade de Arquitetos, com a coordenação do Arq. António José da Cunha Braamcamp de Marcelos Silva, iniciado em 2003 e concluído em 2006.
Este parque veio dignificar e beneficiar o rio Fervença na sua passagem pela cidade, tornando-o mais visível e acessível a todos os cidadãos e, em particular, a todos os residentes da zona ribeirinha.
Ao longo da sua curta existência, para além do uso intensivo que dele fazem a população da cidade e os visitantes, em especial durante a Primavera e o Verão, tem também sido utilizado para feiras e exposições, atividades desportivas e de ar livre.
Este espaço verde configura-se num corredor ribeirinho, que se desenvolve em dois troços. O primeiro (Fase 1) situa-se entre a Ponte do Fervença e a Rua dos Batoques tendo sido concebido como um espaço verde formal, com vegetação plantada e intervencionada.
Numa abordagem mais detalhada e devido às suas características é possível dividir o primeiro troço em duas partes: o corredor ribeirinho e a encosta do Senhor da Piedade. O segundo troço (Fase 2), aqui abordado com menor profundidade, inicia-se no último açude do primeiro troço, desenvolve-se seguindo o rio ao longo do seu percurso pela zona dos Batoques, terminando nas imediações da entrada leste do Castelo e do Parque de Merendas, junto à ponte do Jorge.
O corredor ribeirinho da primeira fase corresponde ao espaço que acompanha o Rio Fervença na sua passagem pelo centro da cidade. Começa na Rotunda da Flor da Ponte, na entrada da Rua Alexandre Herculano, e segue em direção ao centro, terminando em frente ao Jardim Doutor António José de Almeida, junto ao último açude deste trecho do rio.
Este espaço possui vários acessos possíveis a partir das duas margens do rio, desde a Rotunda da Flor da Ponte e do Jardim José de Almeida, ao longo da Rua Alexandre Herculano e desde a Rua do Rio Fervença, por escada, rampa, caminhos em gravilha ou empedrados.
Em cada uma das margens há um corredor pedonal que acompanha o rio em toda a sua extensão até ao espelho de água, junto à Rua Doutor António José de Almeida. As zonas pedonais em madeira, gravilha ou pedra, partem dos corredores principais e divergem em várias direções. Ao longo do percurso é possível passar de uma margem para a outra por meio de pontes de ferro, num total de quatro.
Uma esplanada, um parque infantil, um parque de manutenção física para a terceira idade, as instalações da Casa do Mel (edifício em arquitetura tradicional), um antigo moinho de água recuperado e exposto de forma pedagógica e didática, bem como algum equipamento simultaneamente decorativo e recreativo, são polos de interesse do corredor. Para além disso, o próprio rio, a vegetação instalada ao longo das margens, as aves que aí encontram abrigo, e outro tipo de fauna, como as ocasionais lontras, constituem um atrativo para os visitantes.
A vegetação acompanha as margens do rio, e está também instalada em canteiros, organizados em socalcos, alguns apresentando declive apreciável. As zonas das margens assim como as dos canteiros encontram-se relvadas ou cobertas de vegetação herbácea espontânea que é frequentemente aparada. Espécies arbóreas e arbustivas de porte, folhagem e estrutura bastante diversificada estão isoladas, organizadas em linhas ou em grupos, formando manchas que se distinguem atendendo a vários critérios, tais como: porte, persistência ou caducidade das folhas, tonalidade de cascas e folhagem, floração ou frutificação.
Na margem esquerda, ao longo da zona pedonal que conduz ao Jardim Doutor António José de Almeida, e principalmente, nos trajetos planos e mais afastados do leito do rio, foi utilizada alguma vegetação arbustiva de porte rasteiro que reveste o espaço e que forma intenso contraste com os relvados através da cor da folhagem ou da presença de frutificações abundantes e conspícuas, como por exemplo as coberturas de cotoneaster ou de santolina.
A encosta da capela do Senhor da Piedade configura um espaço com declive acentuado, organizado em patamares e socalcos, e que ocupa maioritariamente a margem direita do Rio Fervença. Toda a área é percorrida por vários caminhos empedrados e em gravilha, rasgados segundo as curvas de nível.
Na maioria da sua extensão, os taludes encontram-se relvados, ou pontualmente, cobertos de casca de pinheiro. Nestes taludes foram plantadas espécies arbóreas e arbustivas, em linha, formando pequenos bosquetes, ou pequenos grupos de forma geométrica ou irregular. No declive do lado leste, contíguo à escadaria que liga o espelho de água à Capela do Senhor da Piedade, existe uma área de olival, que corresponde ao coberto arbóreo e herbáceo inicialmente instalado naquela zona, antes da intervenção. Trata-se de um espaço com bastante interesse pela presença de castanheiros, do olival e da flora que lhe está habitualmente associada.
Na base desta pequena colina, o rio faz um cotovelo no qual fica o último dos quatro açudes existentes desde a ponte do Fervença. Quando a respetiva comporta se mantém encerrada, forma-se um apreciável espelho de água, que permite ainda a observação dos vestígios do antigo fontanário em pedra. Para além disso, perto deste local foi também construído um anfiteatro, com vista para o espelho de água e o Jardim António José de Almeida, que circunda uma área empedrada e pedonal com fontes e repuxos interativos.
Daí, parte a escadaria que termina no cimo da colina, junto à Capela do Senhor da Piedade (1908) e ao Miradouro, locais a partir dos quais se pode apreciar uma agradável panorâmica do jardim, da cidade e do castelo. No ponto em que a Rua do Fervença se encontra com a Rua Tomás Ribeiro encontram-se um bar com esplanada e um talhão ajardinado, limitados por uma sebe de fotínias de folhagem bicolor e brilhante, que confina na sua parte superior com a Estrada do Turismo. O espaço correspondente à Fase 2 foi concebido numa abordagem distinta e contrastante com a etapa anterior. O carácter encaixado do vale do rio Fervença e a escassez de espaço disponível, levaram à definição de uma paisagem mais natural, de valorização das margens e do contexto paisagístico da envolvente, que assume um carácter pitoresco, pese ao facto de se assistir a alguma degradação do edificado e à ocorrência, pontual, de elementos descaracterizadores.
Entre as diversas ações e resultados da intervenção, destacam-se a construção de um passadiço ao longo da margem esquerda do rio, sobre o emissário de efluentes, a recuperação de diversos edifícios e elementos presentes (moinho - Casa da Seda e fontanário), a construção do Centro de Ciência Viva e a criação de diferentes espaços de permanência e contemplação.