“O Olhar Comprometido” (e inédito) de Nicolás Muller
Conteúdo atualizado em2022/03/1917:40
Foi inaugurada, esta tarde, a exposição “O Olhar Comprometido” de Nicolás Muller, um fotógrafo de origem húngara e herança judaica, no Centro de Fotografia Georges Dussaud, em Bragança. Uma mostra com 79 fotografias, que retratam o quotidiano humilde de um homem judeu e das pessoas que com ele se cruzaram, na fuga à impetuosidade nazi da II Guerra Mundial.
“Não só pela qualidade técnica de cada fotografia exposta, esta exposição merece uma visita atenta pelo testemunho humano que o autor, numa fuga pela própria vida, conseguiu captar e eternizar”, referiu Fernanda Silva, Vereadora da Câmara Municipal de Bragança, durante a inauguração. Salientou ainda que “os milhares de quilómetros que separam os diferentes registos do autor, desde a Hungria a Marrocos, não salientam apenas diferenças da sociedade, mas também semelhanças.”
A exposição retrata o quotidiano do afamado fotógrafo judeu Nicolás Muller (1913-2000), que se viu obrigado a refugiar-se e a fugir da sua terra natal, a Hungria, pelo simples facto de ser judeu. Fugiu para salvar a própria vida, numa viagem que durou largos anos e na qual rumou a vários dos países que acabaram por cair sob a alçada da barbárie nazi (Áustria, Itália e França), ou, simplesmente, por viver as amarguras da ditadura (Portugal e Espanha) ou do isolamento (Marrocos). Entretanto, nessa longa e agonizante viagem, fotografou o seu quotidiano enquanto refugiado e, sobretudo, as pessoas que com ele se cruzaram (trabalhadores, mulheres, crianças e tantos outros oprimidos). Criou autênticas obras de arte que, agora, podem ser contempladas e interpretadas em Bragança, no Centro de Fotografia Georges Dussaud.
Trata-se, assim, de “O Olhar Comprometido” sobre uma viagem pela história de quem percorreu a Europa e o norte de África, em busca da paz que a II Guerra Mundial teimou em roubar. Para conhecer até 22 de maio, com entrada gratuita.